sábado, 11 de fevereiro de 2012

O Porteiro do Prostíbulo

Não  havia  no povoado pior ofício do que "porteiro do prostíbulo". Mas que outra coisa poderia fazer aquele homem?

O  fato  é  que nunca tinha aprendido a ler nem escrever, não tinha nenhuma outra  atividade  ou  ofício.  Um dia, entrou como gerente do prostíbulo um jovem  cheio  de  ideias  criativas, empreendedor, que decidiu modernizar o estabelecimento.

Fez mudanças e chamou os funcionários para as novas instruções. Ao porteiro disse:

-  A  partir  de hoje, o senhor, além de ficar na portaria, vai preparar um relatório semanal onde registrará a quantidade de pessoas que entram e seus comentários e reclamações sobre os serviços.

 - Eu  adoraria  fazer  isso,  senhor  -  balbuciou -mas eu não sei ler nem escrever!!

- Ah!  Quanto eu o sinto! Mas se é assim, já não poderá seguir trabalhando aqui.

- Mas  Senhor,  não  pode  me  despedir,  eu  trabalhei nisto a minha vida inteira, não sei fazer outra coisa.

-  Olhe, eu compreendo, mas não posso fazer nada pelo senhor. Vamos dar-lhe uma  boa indenização e espero que encontre algo que fazer. Eu sinto muito e que tenha sorte. Sem mais nem menos, deu meia volta e foi embora.

O porteiro sentiu como se o mundo desmoronasse.

Que  fazer?  Lembrou  que  no prostíbulo, quando quebrava alguma cadeira ou mesa, ele a arrumava, com cuidado e carinho.

Pensou que esta poderia ser uma boa ocupação até conseguir um emprego.
Mas só contava com alguns pregos enferrujados e um alicate mal conservado.

Usaria  o  dinheiro  da  indenização  para comprar uma caixa de ferramentas completa.
Como o povoado não tinha casa de ferragens, deveria viajar dois dias em uma mula para ir ao povoado mais próximo para realizar a compra.

E assim o fez. No seu regresso, um vizinho bateu à sua porta:

- Venho para perguntar se você tem um martelo para me emprestar. - Sim, acabo de comprá-lo, mas eu preciso dele para trabalhar ... já que. - Bom, mas eu o devolverei amanhã bem cedo. - Se é assim, está bom.

Na manhã seguinte, como havia prometido, o vizinho bateu à porta e disse:

- Olha, eu ainda preciso do martelo. Porque você não o vende para mim?- Não,  eu preciso dele para trabalhar e além do mais, a casa de ferragens mais próxima está a dois dias mula de viagem.
-  Façamos  um  trato  - disse o vizinho. Eu pagarei os dias de ida e volta mais  o preço do martelo, já que você está sem trabalho no momento. Que lhe parece? Realmente, isto lhe daria trabalho por mais dois dias...Aceitou. 

Voltou  a  montar  na  sua  mula e viajou. No seu regresso, outro vizinho o esperava na porta de sua casa.-  Olá,  vizinho.  Você  vendeu  um  martelo a nosso amigo. Eu necessito de algumas  ferramentas,  estou disposto a pagar-lhe seus dias de viajem, mais um  pequeno  lucro  para  que você as compre para mim, pois não disponho de tempo para viajar para fazer compras. Que lhe parece?

O  ex-porteiro  abriu  sua  caixa  de ferramentas e seu vizinho escolheu um alicate,  uma  chave  de  fenda,  um  martelo e uma talhadeira. Pagou e foi embora.

E  nosso amigo guardou as palavras que escutara:"não disponho de tempo para viajar,  nem  para fazer compras". Se isto fosse certo, muita gente poderia necessitar que ele viajasse para trazer as ferramentas.
Na  viagem  seguinte,  arriscou  um  pouco  mais  de dinheiro trazendo mais ferramentas  do que as que havia vendido. De fato, poderia economizar algum tempo em viagens.

A  notícia começou a se espalhar pelo povoado e muitos, querendo economizar a viagem, faziam encomendas.
Agora,  como vendedor de ferramentas, uma vez por semana viajava e trazia oque precisavam seus clientes.

Algum  tempo  depois, alugou um galpão para estocar as ferramentas e alguns meses  depois,  comprou  uma  vitrine e um balcão e transformou o galpão na primeira loja de ferragens do povoado.
Todos  estavam  contentes  e compravam dele. Já não viajava, os fabricantes lhe enviavam seus pedidos. Ele era um bom cliente.

Com o tempo, as pessoas dos povoados vizinhos preferiam comprar na sua loja de ferragens, do que gastar dias em viagens.

Um dia ele lembrou de um amigo seu que era torneiro e ferreiro e pensou que este  poderia  fabricar  as  cabeças  dos martelos. E logo, por que não, as chaves de fendas, os alicates, as talhadeiras, etc.. E após foram os pregos e os parafusos ...

Em  poucos anos, nosso amigo se transformou, com seu trabalho, em um rico e próspero fabricante de ferramentas.

Um  belo  dia  decidiu  doar  uma  escola  ao  povoado. Nela, além de ler e escrever, as crianças aprenderiam algum ofício.

No  dia  da  inauguração  da  escola,  o prefeito lhe entregou as chaves da cidade, o abraçou e lhe disse:

-É com grande orgulho e gratidão que lhe pedimos que nos conceda a honra de colocar  a  sua  assinatura  na primeira página do Livro de Atas desta nova escola.

-  A  honra  seria  minha  - disse o homem. Seria a coisa que mais me daria prazer,  assinar  o Livro, mas eu não sei ler nem escrever, sou analfabeto.

-  O  senhor?!?!  -disse  o  prefeito  sem acreditar. O senhor construiu um império industrial sem saber ler nem escrever? Estou abismado. Eu pergunto: o que teria sido do senhor se soubesse ler e escrever?

-  Isso  eu posso responder - disse o homem com calma. Se eu soubesse ler e escrever ... ainda seria o porteiro do prostíbulo!!!!!

 

  • Geralmente as mudanças são vistas como adversidades.
  • As adversidades podem ser bênçãos.
  • As crises estão cheias de oportunidades

 

Autor desconhecido