segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um Caso de Percepção - 2ª Parte

O CASO DE MIGUEL

PARA MELHOR EFEITO, LEIA A PRIMEIRA PARTE E DEPOIS ESTA.

SEGUNDA PARTE

Eis a seguir, como Miguel relata o que ocorreu no dia X:

"Eu me dedico à pintura de corpo e alma. O resto não tem importância. Há tempos eu quero pintar uma Madona do século XX' será minha grande obra. será a minha obra-prima. Mas não encontro uma modelo adequada. que encarne a beleza. a pureza e o sofrimento que eu quero retratar."


"Na véspera do dia X uma amiga me telefonou dizendo que tinha encontrado a modelo que eu tanto procurava e propôs nos encontrarmos na boate que ela freqüentava. Eu estava tão ancioso para vê-Ia! Quando ela chegou. fiquei fascinado: era exatamente o que eu queria! Não tive dúvidas: fui até a mesa dela. Apresentei-me e pedi para ela posar para mim. Ela aceitou e marcamos um encontro no meu ateliê às 9 horas da manhã. Eu nem dormi direito naquela noite. Levantei-me ansioso, louco para começar o quadro; nem pude tomar café, de tão agitado que estava por dentro."

"No taxi. comecei a fazer um esboço mental. pensando nos ângulos da figura. no jogo de luz e sombra, na textura, nos matizes"

"Quando entrei no edifício, eu estava cantando baixinho. O zelador falou qualquer coisa comigo e eu nem tinha prestado atenção. Aí eu perguntei: O que foi? E ele disse: Bom Dia. Nada mais do que bom dia. Ele não sabia. Nem podia calcular o que aquele dia significava para mim! Sonhos, fantasia, aspirações. Tudo ia se tomar realidade, em fim, com a execução daquele quadro! Eu tentei explicar para ele. Eu disse que a verdade era relativa, que cada pessoa vê a mesma coisa de maneira diferente. Quando eu pinto um quadro, aquilo é a minha realidade. Ele me chamou de lunático. Dei uma risada e disse: Está aí a prova do que eu disse: o lunático que você vê não existe"

"Quando eu subia a escada. A faxineira veio me espiar. Não gosto daquela velha mexeriqueira. Entrei no ateliê e comecei a preparar as tintas e a tela. Quando estava limpando a paleta com uma faca. tocou a campainha. Abri a porta e a moça entrou. Ela estava com o mesmo vestido da véspera e explicou que passara a noite em claro numa festa.” "Eu pedi que sentasse no lugar indicado e que olhasse para o alto... que imaginasse sofrendo... que..."

"Ai ela me enlaçou o pescoço com os braços e disse que eu era muito simpático. que eu era um pão. Eu afastei seus braços e perguntei se ela tinha bebido. Ela disse que sim, que a festa estava ótima, que foi pena eu não ter estado lá, que sentiu muito a minha falta, que tinha gostado demais de mim. Quando me enlaçou de novo, eu a empurrei e ela caiu no divã e gritou.”

"Nesse instante a faxineira entrou e saiu berrando: assassino! assassino! A loura levantou-se e foi embora me chamando de idiota. Ah... a minha Madona ..”

CONCLUSÕES:

  1. Por que cada pessoa viu Miguel de forma diferente? Identifique algumas das possíveis causas.
  2. Como Miguel contribuiu para a percepção dos outros?
  3. Quais as mensagens do caso?
  4. Que interferências de ordem geral podemos fazer?
  5. Quais os diferentes rótulos que os personagens deram a Miguel?
  6. Releia as respostas que você deu, ao final da primeira parte: você as mantém? Por que?
  7. Há divergências de percepção no seu ambiente de trabalho? Pode citar algumas?
  8. Falhas de percepção podem acarretar conflitos ou problemas de relacionamento?
  9. Falhas de percepção podem acarretar injustiças?
  10. O que fazer para evitar ou minimizar falhas de percepção?