domingo, 22 de janeiro de 2012

Um Caso de Percepção - 1ª Parte

 

O CASO DE MIGUEL

PRIMEIRA PARTE
Miguel é um artista, solteiro, boa aparência, 33 anos de idade. Eis, a seguir, como foi percebido por diversas pessoas em um determinado dia X.


RELATO DA MÃE:

"Miguel levantou correndo, não quis tomar café, não ligou para o bolo que eu tinha feito especialmente para ele. Só apanhou cigarros e fósforos. Não quis botar o cachecol que eu dei. Disse que estava com pressa e reagiu com impaciência a meus pedidos para se alimentar e se abrigar. E/e continua sendo uma criança que precisa de atendimento, pois não reconhece o que é bom para si próprio. Precisa que alguém tome conta dele, pois não sabe se cuidar."

 RELATO DO CHOFER DE TAXI:

”Hoje de manhã apanhei um sujeito que eu não fui muito com a cara dele. Estava de cara amarrada, seco, não queria saber de conversa. Eu bem que tentei falar de futebol, de política, sobre o tráfego de mulher e sempre me mandou calar a boca, dizendo que tinha de se concentrar. Pô, jogador é que tem de concentrar, né? Desconfio que ele é um cara subversivo, desses que a polícia anda procurando ou um desses sujeitos que assaltam chofer de táxi para roubar. Aposto que andava armado. Fiquei louco para me livrar dele".

 RELATO DO GARÇON DA BOITE:

Ontem a noite ele chegou aqui, acompanhado de uma morena que era uma máquina, mas não dava a mínima bola para ela. Passou o tempo todo olhando para tudo que era mulher que chegava. Quando entrou uma loura de vestido colante, daqueles de endoidar monge velho, me chamou e queria saber quem era. Como eu não conhecia, não teve dúvidas: foi na mesa dela falar com ela. Disfarcei e passei por perto e só pude ouvir que ele marcava um encontro para às 9 horas da manhã, bem nas barbas do acompanhante dela! Sujeitim peitudo! Eu também dou meus pulos, mas essa foi demais "

RELATO DO ZELADOR DO EDIFÍCIO

"Ele não é muito certo da bola, não. As vezes cumprimenta, às vezes finge que não vê ninguém. As conversas dele a gente não entende. É parecido com um parente meu que enlouqueceu. No dia X de manhã, já chegou até falando sozinho. Eu dei bom dia e ele me olhou com um desses olhares estranhos e disse que tudo no mundo era relativo, que as palavras não eram iguais para todos e nem as pessoas. Me deu um cutucão no braço e apontou para uma senhora que passava e disse que cada um que olhava para ela via uma coisa diferente. Disse também que quando pintava um quadro, aquilo é que era a realidade. Dava risadas, está na cara que ele é lunático. "

 RELATODA FAXINEIRA:

"Ele anda sempre com um ar misterioso. Os quadros que ele pinta a gente não entende. Quando ele chegou, na manhã do dia X ele me olhou meio enviesado e eu tive um pressentimento de que ia acontecer alguma coisa ruim. Pouco depois chegou a moça loura. Ela me perguntou onde ele se encontrava e eu disse. Daí a pouco eu ouvi ela gritar e eu acudi correndo. Abri a porta de supetão e ele estava com a cara furiosa olhando para ela, cheio de ódio. Ela estava jogada no divã e, no chão, tinha uma faca. Eu sai gritando: assassino, assassino!"

1°.Com base nos relatos, qual a impressão que você tem sobre o Miguel?
2°. O que você presume que tenha ocorrido no dia X?
3°. Você acha que Miguel é uma figura contraditória?